O fervor da criação consumia-o. À sua volta, um monte periclitante de livros de estudo, naquela espera constante. Protegeu o seu corpo, envolvendo-o com o casaco comprido cor de fundo do mar. A invernia acariciava-lhe os cabelos soltos de uma escuridão azulada e segredava-lhe continuamente minúsculas ideias. De mochila à tiracolo, enveredou pela areia da praia, fustigada pela fúria do vento. Precisava daquele turbilhão meteorológico para lhe aclarar a mente e, assim, voltar ao seu trabalho. Pelejou contra a vontade demente de tirar um cigarro da sua bolsa. Tinha jurado, ontem, ao tomar o seu chá verde da meia noite, frente à Torre dos Clérigos maquilhada com os acessórios natalícios, que seria o último. No entanto, estava prestes a trair o seu juramento. Os seus dedos níveos esquivaram-se para dentro da mochila e, daí a uns minutos, apaziguara aquela vontade irreprimível. Parecia que quando o trabalho o invadia tudo lhe afluía à cabeça, mergulhando num remoinho de sentimentos e de sensações propícios à arte criativa. Mas, acima de tudo, ainda havia ela. Conhecera-a há alguns meses, partilhara momentos, pensamentos, ideias, risos. Esboçara-se uma amizade que começava a assumir contornos de uma desmedida paixão inapropriada. Mas a vida dele não era um filme, era bem real e um amor nascente ameçava rebentar, revirando-lhe a alma do avesso. O único problema é que os sentimentos são imparáveis, tais quais ondas do mar. Assolam-nos, por completo, e depois vão-se embora se não nos dedicarmos a eles. Ele sabia-o. Olhou, novamente, de esguelha a sua mochila entreaberta. Decidiu desaparecer no interior de um transporte público, arrastando consigo as reflexões, pronto para enfrentar a pilha de autores que lhe sorriam por contribuírem para o enriquecimento do seu intelecto.
sexta-feira, dezembro 15, 2006
domingo, novembro 26, 2006
Pensées
"(...)Il y a des situations auxquelles je n'échappe pas, des problèmes auxquelles je suis confronté comme tout un chacun... je n'ai pas de très bons mécanismes de défense, aussi, plutôt que de passer mes journées dans une introspection morbide, à me dire «la vie est trop courte, cruelle et vaine», je travaille beaucoup, je joue de la clarinette, j'écris, je regarde les matches de basket-ball, je m'occupe, je cherche à maintenir l'équilibre à tout-prix, à me distraire au sens propre.(...)"
Woody Allen
sexta-feira, novembro 10, 2006
Lost in Translation

“Não se deixe perturbar na sua solidão pelo facto de sentir veleidades de a abandonar. Utilizadas com calma e reflexão, essas tentações devem mesmo ajudá-lo como instrumento susceptível de alargar a sua solidão a um país ainda mais rico e ainda mais vasto.”
Rainer Maria Rilke, “Cartas a um jovem poeta”
“Lost in Translation” de Sofia Coppola apresenta a ideia de solidão em oposição à sociedade global, à qual pertencem as duas personagens principais do filme. É um filme que nos fala também da amizade e do amor. Bob e Charlotte sentem-se sozinhos e perdidos, num país desconhecido cuja língua não entendem, e precisam de alguém que os compreenda, precisam ambos de um amigo. Num hotel de Tóquio, os personagens centrais encontram-se por acaso. Ambos estão aí hospedados. Charlotte, uma recém-graduada em filosofia, acompanha o seu marido nas viagens de negócios e aproveita para conhecer um pouco mais do Japão; Bob, um famoso actor, que está em decadência, é contratado pelos japoneses para fazer uma publicidade a um uísque. Estando os relacionamentos dos dois enfraquecidos, ambos procuram alguém que os ouça, que lhes acompanhe os passos. Bob troca poucas palavras com a esposa, falando apenas sobre alguns aspectos decorativos na sua casa e sobre os filhos, o que acentua gradativamente a sua solidão num local estranho. Charlotte passa o tempo sozinha, ou no hotel, ou nas ruas de Tóquio, já que o seu marido se encontra quase sempre a trabalhar. Mesmo nos momentos em que estão juntos e rodeados de pessoas, Charlotte não se integra naquelas vivências fúteis do marido e dos seus amigos, sentindo-se continuamente só. Quantas vezes não nos sentimos sós num lugar repleto de pessoas, como se algo faltasse para completar a felicidade que tanto desejamos?
Charlotte e Bob encontram-se no bar do hotel e começam a partilhar pensamentos, ideias, desabafos, acabando por se tornarem amigos, tendo a sua amizade um toque colorido. Ambos se tentam encontrar, afastando o desenraizamento absoluto e a solidão. A separação final de Charlotte e Bob, apesar da sua crueldade, relembra-lhes a realidade mas uma realidade repleta de portas por abrir e de novos caminhos a escolher.

Um excelente filme sobre o amor, a amizade, as relações humanas, o casamento, a solidão, o desenraizamento, a globalização e a invasão das novas tecnologias. Temas estes que são abordados com subtileza e talento. Um filme, sem dúvida, belo que nos faz meditar também nas nossas próprias vidas.
The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you.
Rainer Maria Rilke, “Cartas a um jovem poeta”
“Lost in Translation” de Sofia Coppola apresenta a ideia de solidão em oposição à sociedade global, à qual pertencem as duas personagens principais do filme. É um filme que nos fala também da amizade e do amor. Bob e Charlotte sentem-se sozinhos e perdidos, num país desconhecido cuja língua não entendem, e precisam de alguém que os compreenda, precisam ambos de um amigo. Num hotel de Tóquio, os personagens centrais encontram-se por acaso. Ambos estão aí hospedados. Charlotte, uma recém-graduada em filosofia, acompanha o seu marido nas viagens de negócios e aproveita para conhecer um pouco mais do Japão; Bob, um famoso actor, que está em decadência, é contratado pelos japoneses para fazer uma publicidade a um uísque. Estando os relacionamentos dos dois enfraquecidos, ambos procuram alguém que os ouça, que lhes acompanhe os passos. Bob troca poucas palavras com a esposa, falando apenas sobre alguns aspectos decorativos na sua casa e sobre os filhos, o que acentua gradativamente a sua solidão num local estranho. Charlotte passa o tempo sozinha, ou no hotel, ou nas ruas de Tóquio, já que o seu marido se encontra quase sempre a trabalhar. Mesmo nos momentos em que estão juntos e rodeados de pessoas, Charlotte não se integra naquelas vivências fúteis do marido e dos seus amigos, sentindo-se continuamente só. Quantas vezes não nos sentimos sós num lugar repleto de pessoas, como se algo faltasse para completar a felicidade que tanto desejamos?

Charlotte e Bob encontram-se no bar do hotel e começam a partilhar pensamentos, ideias, desabafos, acabando por se tornarem amigos, tendo a sua amizade um toque colorido. Ambos se tentam encontrar, afastando o desenraizamento absoluto e a solidão. A separação final de Charlotte e Bob, apesar da sua crueldade, relembra-lhes a realidade mas uma realidade repleta de portas por abrir e de novos caminhos a escolher.

Um excelente filme sobre o amor, a amizade, as relações humanas, o casamento, a solidão, o desenraizamento, a globalização e a invasão das novas tecnologias. Temas estes que são abordados com subtileza e talento. Um filme, sem dúvida, belo que nos faz meditar também nas nossas próprias vidas.
The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you.
"Lost in Translation"
terça-feira, novembro 07, 2006
Palavras soltas...

Nos seus dedos esguios, o cigarro extinguia-se ao ritmo das batidas do seu relógio de pulso. À sua frente um lençol ondulante que, por vezes, lhe vinha beijar os pés timidamente. As ondas afagavam-lhe a pele e aquele rendilhado pérola salgado escondia-se por detrás dos dedos. Abraçou o cigarro sofregamente naquele momento, sem pensar na água gelada que lhe encarquilhava o corpo. O sabor acre povoava-lhe a memória. Tudo devia ficar nas brumas de forma a que não pudesse aceder aos seus fantasmas. Tudo devia permanecer tal qual lago estagnado, envolto pela névoa da manhã. Mas era mais forte do que tudo. Enervava-lhe a arrogância dos ignorantes, odiava aquele culto mesquinho do material e do individualismo, abominava aquelas pequenas violências camufladas incutidas gradualmente em almas impregnadas ainda de ingenuidade, condenava aquela intromissão contínua no seu ser... O ósculo final ao cigarro esbateu toda a caldeirada de emoções que a entontecia. Levantou-se, ficando envolta numa poeira de pequenos fogos de artifício que se desfaziam no ar ou no mar. Subiu a um rochedo coberto por um musgo convidativo e voltou a recordar aqueles que não sabem e julgam saber. Seria possível viver assim, noite e dia, com a mente fechada mas inundada de preconceitos e contradições? Seria possível ser apologista de uma qualquer religião baseada nos conceitos do bem quando se preconizava precisamente o contrário? Seria possível que não acreditassem que a vida é um caminho feito de aprendizagens, é um caminho onde se vão coleccionando experiências? Seria mesmo possível que acreditassem já ter todas as respostas? Passou as mãos níveas por entre os curtos cabelos pretos, escondendo-os dentro de um boné quadriculado. Pintou os lábios de um vermelho vivo e avançou pela praia,deixando o seu rasto decidido pelo areal.
(Foto:Teresa Garcia)
terça-feira, outubro 03, 2006

Percorro, de memória, os caminhos empedrados da velha Coimbra. O odor dos lençóis brancos acabados de lavar esvoaça por cima de mim e dos gatos que cirandam, com miares desconsolados, pelas ruelas desertas de pessoas e de comida. Os edifícios decrépitos vigiam os meus passos, conscientes das dores que o tempo lhes traz. Aprecio perder-me nestes meandros onde se misturam cheiros húmidos e história, onde se encontram pequenas tabernas repletas de velhotes de boné, de onde saltitam pequenas lojinhas ou antigas livrarias. Por detrás de um murinho carcomido, o Mondego sereno e as copas loucas das tílias do Parque.
Gosto da vida de rua mas de uma vida de rua particular, das tuas ruas, Coimbra! Calçadas portuguesas a subir e a descer; calçadas e ruas refulgentes no Verão, amenas na Primavera, escorregadias no Inverno e repletas de folhas secas no Outono.
Chamem-lhe saudosismo, chamem-lhe masoquismo, mas eu gosto de continuar a sofrer por ti, Coimbra! Inebria-me a recordação dos teus jardins, das tuas casas, dos teus monumentos seculares, dos teus pequenos recantos que só tu e eu conhecemos! Embriaga-me a lembrança de brincadeiras à sombra de pomares grávidos de oliveiras, de cafés e bolos tragados na Baixa, dos passeios com os meus pais nos lagos dos cisnes, na Avenida Sá da Bandeira.
Percorro, de memória, as tuas vielas de odor a infância, e sorrio, Coimbra.

Moleskine acaba, actualmente, para aqueles que o têm, por ser uma peça íntima, de moda ou não, onde podem perpetuar as suas ideias, pensamentos ou esboços que pululam num determinado momento das suas vidas.
sexta-feira, agosto 04, 2006
Férias

Férias. Momento de relaxe, de esquecimento de preocupações, de rotinas, de caras quotidianas. Ter à frente um manto azul e uma areia limpa para passear; estar rodeado de uma panóplia de perfumes naturais que ajudam a encontrar o nosso eu; conhecer novos recantos dentro do nosso país ou fora dele; deixar pegadas fundas na areia da praia à tardinha; explorar minuciosamente os rochedos seculares e os seus tímidos habitantes; deixar a água carinhosa do mar massajar o corpo e a alma; construir cidades imaginárias na areia juntamente com aqueles de quem mais gostamos; abrir farnéis deliciosos no meio do arvoredo e de cascatas refrescantes; ler escutando o cântico salgado do mar; escrever enquanto o olhar percorre a suave linha azul do horizonte; falar sem parar; rir até chorar... Enfim, como se pode definir as férias? É um pouco difícil. No entanto, acho que consegui encontrar, para mim, a melhor definição.
(Foto:Teresa Garcia)
sexta-feira, julho 28, 2006

Viajar e sair do lugar onde a vida palpita sempre igual, rotineira. Sair daqui, por vezes refúgio, e encontrar locais idílicos, outras ilhas de conforto. Recordo viagens da adolescência, plenas de encantamento sucessivo pelas vielas repletas de gatos misteriosos, pelas pessoas com as suas culturas muito próprias, pelas cidades de arquitecturas diversas, pelas comidas que perfumam os cantos e as bebidas que nos refrescam os fins de tarde. Lembro viagens de carro até à Holanda, onde pululávamos por Paris e outras regiões francesas; outras onde explorávamos grande parte da região litoral francesa e procurávamos, num barco, uma ilha muito conhecida da televisão onde faziam um concurso. Não posso olvidar as radicais viagens de avião até à Áustria e até Londres, onde algumas turbulências imprevistas nos fizeram pensar em não enveredar por viagens futuras do mesmo género. As viagens da adolescência, as melhores viagens até hoje. Viagens da adolescência, viagens onde os meus heróis estiveram sempre presentes, mostrando-me pedacinhos maravilhosos da nossa velha Europa.
(Foto:Teresa Garcia)
quinta-feira, julho 13, 2006
The Haunting


sexta-feira, julho 07, 2006
A geração MCA

Toda a gente diz que não vê telenovelas mas isso não é bem verdade. O fenómeno MCA invadiu a casa da maior parte dos portugueses, especialmente os mais jovens. Estou a falar, claro está, da telenovela “Morangos com Açúcar”. Existem aqueles que dizem assumidamente que a vêem porque gostam e depois há aqueles que tentam camuflar o seu gosto devido ao preconceito. Cansados de telenovelas brasileiras em que insultos como “cafajeste”, entre outros, já passaram um pouco de moda e um pouco desiludidos com algumas das novas telenovelas portuguesas em que a sofreguidão material é o tema do dia, esta nova telenovela refrescou um pouco a nossa televisão, sempre tão cinzenta. De facto, desde a qualidade do elenco, do colorido dos cenários e dos adereços, do humor sempre presente, da música sempre inovadora até à multiplicidade de temas abordados, penso que a telenovela acabou por revolucionar este género televisivo, se assim se pode chamar.
De notar os diversos temas que pululam pelos episódios: o tradicional triângulo amoroso que só é resolvido no final de cada série da telenovela; a amizade e a sua importância; os diversos tipos de família (de pais únicos ou monoparental); a homossexualidade; a gravidez na adolescência; a indisciplina dos alunos; a anorexia; as classes sociais; a educação sexual, entre outros.
Felicito as pessoas que conseguiram criar esta ideia! Passam pela telenovela muitos temas que deveriam passar, obrigatoriamente, na televisão pública, através da publicidade institucional ou até mesmo através de programas ou documentários educativos. Estou a falar, por exemplo, de temas como a educação sexual. Também de realçar o facto de a série incentivar os jovens à realização de projectos inovadores, de revolucionar um pouco a mentalidade preconceituosa que resiste em abandonar muitas pessoas e de procurar dar relevância à vida e aos seus valores fundamentais.
quinta-feira, julho 06, 2006
Klimt


domingo, julho 02, 2006
Ginkgo Biloba


"A ginkgo é uma espécie vegetal que combate os radicais livres e auxilia na oxigenação cerebral, dentre diversas plantas que funcionam na medicina alternativa, é também conhecido como um fóssil vivo."
sexta-feira, junho 30, 2006
Anos 80 III

É que não consigo parar de falar sobre a década de 80. Foi ontem e o Bruce Springsteen foi o culpado. A caminho do trabalho, trauteei com todas as forças o fantástico "Glory Days". Obviamente que não pensei em mais nada a não ser escrever mais um texto sobre os anos 80. Falei já de brinquedos, de séries animadas mas ainda não dediquei um tempinho às séries que passavam naquela época. Lembro-me de passar os serões de Domingo, na casa dos meus avós, a sorver os episódios de Dallas, balançando-me ao som da sua música inicial. Depois recordo mais uma "soap opera" da época - Falcon Crest - também uma saga de família cuidadosamente analisada por nós aos fins de semana. Por vezes, nas minhas brincadeiras de criança, incluía o rodopiar vigoroso da "Super Mulher", interpretada por Lynda Carter.
E será possível alguma vez olvidar a criatividade de "Man from Atlantis", onde Patrick Duffy interpretava a personagem de homem-peixe aventureiro!?!?! Engraçado é que algumas destas séries que passam agora na SIC Radical não me suscitam qualquer interesse, excepto o fantástico e hilariante "The Love Boat", cuja música ainda se passeia pelos corredores da memória de qualquer trintinha que se preze.
O simpático e romântico "doc", a prestável Julie, os sempre bem-humorados "Gopher" e Isaac e o charmoso capitão Merril e a sua perspicaz filha Vicky. Outra série conhecida e inolvidável era o "Star Trek" e a sua equipa de astronautas exóticos! Escusado será dizer que Spock era uma das personagens favoritas.
Série de grande qualidade, foi novamente mostrada ao público através da SIC Radical. Recordo ainda a série "Os três duques", onde três jovens rebeldes americanos faziam tropelias e andavam sempre fugidos à polícia. Não posso terminar este post sem lembrar uma das melhores séries juvenis que vi até hoje - "Verão Azul". Episódios sempre frescos, filmados no Sul de Espanha - Nerja, onde os valores da amizade eram constantemente abordados, para além de episódios dedicados às aventuras dos jovens. Relembro apenas o nome das personagens e uma fotografia da série: o velho e experiente Chanquete, o caçula Tito, a jovem de óculos Bea, Javi, Pancho, Quique, Desi e Julia.



quinta-feira, junho 29, 2006
Deixando histórias por aí...

Soube, através de uma leitura descontraída de um jornal na praia, do Bookcrossing. "Leva, lê e liberta". Sem dúvida, apelativo. O objectivo é deixar um livro, que tenhamos na prateleira a ganhar pó, algures por aí, deixando, antes, as coordenadas num site próprio para o efeito.
Sou um pouco agarrada aos livros, gosto de vez em quando de os tirar da prateleira, de rever frases e partes específicas das histórias, gosto de lhes sentir o perfume e o corpo rugoso nos meus dedos. Deixei o meu primeiro livro há quase três anos num banco do Jardim Botânico, em Coimbra. Cuidadosamente envolto num saco de plástico por causa de uma chuva hipotética, lá o abandonei ali naquele mundo verde à espera que ganhasse novo dono. Não esperei. Regressei a casa, um pouco culpada por tê-lo deixado só. Passados alguns dias, e para minha surpresa, apercebo-me de que o meu livro tinha sido agarrado por alguém. Foi lido e libertado, depois de um tempo. E foi em Lisboa que lhe perdi totalmente o rasto.
O Bookcrossing é saber dar, partilhar os livros e as ideias e até mesmo os nossos gostos. O Bookcrossing é dar vida a um livro empoeirado e talvez esquecido atrás de tantos outros empilhados nas nossas infindáveis estantes. É esperar ansiosamente pela chegada de um novo livro à nossa caixa de correio, habitualmente grávida de cartas das finanças ou dos bancos. É saber um pouco de cada livro, da sua história, das suas experiências e viagens. O Bookcrossing é, sem dúvida, uma aventura do acto de ler, agora tão maltratado pelas estatísticas no nosso país. O Bookcrossing contraria as estatísticas e dá liberdade aos que pretendem ler e partilhar.
quarta-feira, junho 28, 2006
O Código Da Vinci

segunda-feira, junho 12, 2006
Chá ou café?

Parece-me que estou a alterar alguns hábitos. Comecei a substituir os meus chás nocturnos por cafés muito softs. A verdade é que aqueles sabores já me começam a cansar: ou é tília, ou é camomila, ou é cidreira... Depois, de vez em quando, naquelas tardes calmas de Primavera, opta-se por um chá de maçã ou de pêssego, para variar. A verdade é que há chás para todos os momentos: os chás nocturnos normalmente são os de cidreira, de camomila ou de tília. Depois os chás das visitas são os mais invulgares: o de maçã ou de pêssego, ou então os tradicionais, dependendo do gosto de cada um ou até mesmo das idades! Normalmente as pessoas mais velhas, à pergunta "Qual é o chá que vai tomar?", optam sempre pelo chá mais tradicional: o de cidreira. As gerações mais novas, as pertencentes aos trintinhas, optam pela novidade. "O que é que tens aí?" é a pergunta mais frequente. Um tio meu, viciado nesta bebida secular, deu-me a conhecer uma altura o chá de caramelo mas nunca tive a coragem de o experimentar! Uma grande amiga falou-me de um chá de chocolate, que descobriu no estrangeiro, mas deu-me a provar um dos melhores chás que já provei até hoje - o chá de jasmim.
Lembro-me, no entanto, dos chás da tarde, em casa da minha avó, acompanhados com torradinhas barradas com manteiga Planta; lembro-me dos chás confortantes em época de revoluções emocionais que acabavam até por contaminar o próprio corpo; recordo-me dos chás com as amigas nos cafés de Coimbra; o chá companheiro nas horas de estudo e recordo-me, acima de tudo, da hora tradicional do chá nocturno em casa dos meus pais.
O café só mesmo em casa. O da cafeteira. Primeiro, o odor do café arrumado no seu pote próprio; depois a cafeteira a fumegar e a perfumar-me a casa; finalmente, o gosto amargo daquele café meigo adoçado com um quadrado de chocolate.
Lembro-me, no entanto, dos chás da tarde, em casa da minha avó, acompanhados com torradinhas barradas com manteiga Planta; lembro-me dos chás confortantes em época de revoluções emocionais que acabavam até por contaminar o próprio corpo; recordo-me dos chás com as amigas nos cafés de Coimbra; o chá companheiro nas horas de estudo e recordo-me, acima de tudo, da hora tradicional do chá nocturno em casa dos meus pais.
O café só mesmo em casa. O da cafeteira. Primeiro, o odor do café arrumado no seu pote próprio; depois a cafeteira a fumegar e a perfumar-me a casa; finalmente, o gosto amargo daquele café meigo adoçado com um quadrado de chocolate.
(Foto:Teresa Garcia)
Avarias...
Será possível que eu não consiga colocar imagens nos meus posts? Já desde inícios de Junho que não é possível tal coisa... é um desespero! Esperemos por melhores dias...
quinta-feira, junho 01, 2006
Hoje é dia da criança!

Hoje celebra-se o Dia Mundial da Criança. Engraçado como dantes a minha mãe sempre me dava qualquer brinquedinho neste dia, ou um set de louça de porcelana em miniatura, ou uma bonequinha bébé dentro de uma caixinha de fósforos, ou uns legos... Era sempre um dia fabuloso e havia sempre um brinquedo novo a entrar em minha casa! O que é necessário é que nos recordemos também de todas aquelas crianças que são maltratadas fisica e psicologicamente por esse mundo fora e que nos lembremos de cultivar a criança que permanece em nós! E pensarmos, de vez em quando, em obedecer-lhe. Acho que devia ser uma prática quotidiana, mesmo quando achamos que o tempo escoa por entre os nossos dedos, que nem areia fina da praia.
(Foto:Teresa Garcia)
terça-feira, maio 30, 2006
A arranjar bookshelfs

segunda-feira, maio 29, 2006
Anos 80 II (continuação)

E depois havia o "Belle e Sebastião", uma história de um rapazinho e o seu cão branco gigantesco que viviam fabulosas aventuras! A história do esquilo Bana que vivia na floresta e foi criado por uma gata também é inesquecível, para não falar da música viciante! Não posso deixar passar esta música que agora percorre qualquer computador de um trintinha:
Os famosos moscãoteiros
O pequeno Dartacão
Tão bons companheiros
E os melhores amigos sãos
Os três moscãoteiros
Quando em aventuras vão
São sempre os primeiros
Dartacão
Dartacão..."
E para além da "Candy Candy" de que já anteriormente falei, também havia a história da Heidi, que pululava, alegre, pelas montanhas com o seu amigo Pedro e a história do Marco que percorria todos os cantos do mundo em busca da sua "mamã". Também o Tom Sawyer fazia parte dos meus favoritos, na altura, principalmente o genérico da série animada.Todos estes desenhos animados foram imaginados pelo grande Hayao Myazaki, criador do actual filme animado "Castelo Andante". E quem não se perde naqueles olhos e bocas gigantescas e não se deixa encantar ainda pelas histórias um pouco tristes destes desenhos intemporais?
Sem dúvida inesquecível era a história de um grupo de três jovens que viajavam em busca das famosas cidades de ouro!
"Enfant du soleil
Tu parcours la terre et le ciel
Tu cherches ton chemin
C'est ta vie
E o famoso Avelar da "Floresta Encantada" que avisava todos os animais de possíveis perigos ou simplesmente das notícias mais fresquinhas do dia?!?! Todos estes exemplos são alguns dos desenhos animados que preenchiam a minha infância e que me enchem, agora, as recordações. Acabo, então, o meu texto com uma outra imagem de uma das melhores séries animadas de sempre.
Anos 80 II

"Levanta-te e obedece à criança que foste"
Ouvi esta frase num programa há uns dias e voltou outra vez a febre nostálgica dos anos 80. Comecei novamente a mergulhar num turbilhão colorido e regressei à infância, tal qual Marty Mcfly no seus "Regresso ao futuro". Vislumbrei alguns desenhos animados de que toda a gente, que ronda os trinta, fala. O mais engraçado é que no tal programa as jovens deliravam quando se recordavam deste ou daquele desenho animado, chegando até a trautear em japonês uma música do "Conan".

segunda-feira, maio 22, 2006
Big Apple

Moon River, wider than a mile,
I'm crossing you in style some day.
Oh, dream maker, you heart breaker,
wherever you're going I'm going your way.
Two drifters off to see the world.
There's such a lot of world to see.
We're after the same rainbow's end--
Waiting 'round the bend, my huckleberry friend,
Moon River and me.
Foto: Fred Tavares
quinta-feira, maio 18, 2006
Os fanáticos de 80

Creio que a palavra fanático talvez seja um pouco exagerada. No entanto, quem, da geração dos trinta, não fica com um brilho ofuscante nos olhos quando se fala dos desenhos animados de 70/80, ou quando se recordam músicas e brinquedos? Tenho andado a navegar por vários sites e dou por mim a sorrir, deleitada, quando me lembro de determinados objectos que causavam sensação nessa época gloriosa. Deparei-me com um boneco que quase todas as crianças daquela época tinham e adoravam: o macaco felpudo que metia o dedo na boca!
Depois, ao cirandar por outras paragens, apercebi-me do maravilhoso polvo de todas as cores que vagueava, célere, pelas janelas envidraçadas das nossas casas, das lojas, de todo e qualquer sítio que tivesse vidro e que lhe permitisse descer rapidamente até ao seu destino. Causava-me arrepios quando atirava com todo o vigor o molusco para o vidro e quando o via percorrer o seu trajecto com todo o afinco. O problema é que a certa altura já não eram só os vidros o seu único trajecto; a certa altura já atirava contra paredes, alcatifas e tapetes com tanto pêlo que o pobre do polvo parecia ter saído de um filme de terror, acabando logo ali a sua carreira como malabarista nos vidros das janelas ou dos espelhos!
E a maquineta que nos permitia visualizar pequenos filmes a três dimensões? Colocavam-se os filmes na máquina, pressionava-se o manípulo e viam-se, assim, alguns desenhos animados da época! Eu lembro-me que tinha alguns filmes do urso Paddington e do Zé Colmeia! Mas havia uma grande variedade! Lembro-me ainda de outro brinquedo maravilha: o aquaplay! Pode-se equiparar quase aos jogos de computador actuais! Uma pessoa passava horas a brincar com outra maquineta de plástico repleta de água e de diversos jogos divertidos e educativos.
Sem dúvida alguma viciante! Havia ainda em vários tamanhos! E depois uma pessoa podia estar a brincar com o aquaplay ao mesmo tempo que ia saboreando uns smarties juntamente com uns sugos de morango. Estavam sempre presentes em todas as festas de aniversário dos anos 80! Festa sem smarties, sem bolos com os bonecos dos desenhos animados da altura, sem bombons da Regina, sem bombocas e sem gelatinas tremelicantes e de todas as cores possíveis e imaginárias não era uma festa da década de 80! A minha mãe até costumava colocar todas as guloseimas numas cestinhas coloridas, rendilhadas, de plástico. Enfeitiçava qualquer criança!

Também o célebre gelado Ice Pop fazia parte dos nossos Verões! Compravam-se em saquinhos líquidos, depois colocavam-se no congelador e obtinha-se um excelente gelado de um sabor qualquer!
Com uma lágrima saudosa no canto do olho, deixo uma imagem de uma das minhas séries favoritas de desenhos animados: a Candy Candy. Acho que ninguém lhe é indiferente!
Mea culpa
Comecei já há algum tempo este blogue e ainda nem tive a decência de explicar como surgiu o seu nome. A verdade é que foi uma criação um pouco morosa... queria algo novo, diferente, da minha lavra. E assim brotou o Magicanto. O meu cantinho mágico, refúgio de dias felizes ou não; um recanto onde posso ser eu completamente. Um sítio imaginado por mim, deixando aí as minhas pegadas, libertando pensamentos, histórias, conversas, imagens reais ou imaginárias. Assim, o Magicanto ter o sentido de cantinho mágico, da minha pequena ilha, para onde navego em busca de resposta, de perfeição, de apaziguamento. Mas pode aproximar-se também do sentido musical - o canto mágico - música que embriaga. No entanto, e acima de tudo, tem também o sentido de estar sempre a pensar, a magicar em algo ou em coisa nenhuma. Se bem que para mim é difícil não pensar em nada! Nasceu, então, o Magicanto.
terça-feira, maio 16, 2006
Costurices...

Pois parece que, para além da vontade de escrever, voltou também a vontade de costurar. Estou a ver se consigo terminar o desenho em ponto-cruz para colocar numa toalha de banho do meu pequenote. São aquelas coisas... por vezes apetece-nos desatar a criar letras, palavras, sentidos; por vezes apetece-nos comer vorazmente chocolate com recheios dos mais diversos (até os de licor vão quando o desejo é incontrolável!); por vezes apetece-nos criar desenhos que demoram a surgir no pano... que só surgem quando o espírito está mesmo para lá virado! Porque isto de bordar em ponto-cruz tem muito que se lhe diga! É preciso focar toda a nossa concentração no pano e não olhar para mais nada e claro que se um olho nos fugir depois para um Tom Hanks e uma Meg Ryan a discutirem por causa de livrarias podemos ter o azar de ficar com o bonito quadro todo estragado!
(Foto:Teresa Garcia)
quinta-feira, maio 11, 2006
Coimbra...

"Coimbra tem mais encanto
Na hora da despedida...".
(Foto: Teresa Garcia)
Consegui!
Já há uns dias que tenho andado às voltas com o meu blogue! Parece que finalmente, com a ajuda da Fernanda Carvalho, consegui melhorar muito o aspecto do meu Magicanto! A linguagem html é um pouco confusa mas vai-se lá! E como diz o meu lema "Dos fracos não reza a história"!
quinta-feira, maio 04, 2006
Cantinhos mágicos

Os meus cantinhos mágicos normalmente têm sempre fotografias. Dão tanta alma a uma casa! Gosto imenso daquelas casas repletas de fotografias da família e dos amigos, espalhadas por todo o lado, todos os cantinhos e esquinas! Sente-se a vida por ali! Ou então aquelas casas onde existem quadros pintados ou pelos seus habitantes, ou por amigos e familiares! Prefiro a bonequinha de pano que alguém me ofereceu do que engravidar a minha casa com "monos", os tais objectos decorativos que se compram só mesmo para estarem ali, para preencherem o vazio, mas sem qualquer história em torno deles! Gosto de casas onde os objectos que por lá cirandam contem histórias!
(Foto: Teresa Garcia)
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