
“Não se deixe perturbar na sua solidão pelo facto de sentir veleidades de a abandonar. Utilizadas com calma e reflexão, essas tentações devem mesmo ajudá-lo como instrumento susceptível de alargar a sua solidão a um país ainda mais rico e ainda mais vasto.”
Rainer Maria Rilke, “Cartas a um jovem poeta”
“Lost in Translation” de Sofia Coppola apresenta a ideia de solidão em oposição à sociedade global, à qual pertencem as duas personagens principais do filme. É um filme que nos fala também da amizade e do amor. Bob e Charlotte sentem-se sozinhos e perdidos, num país desconhecido cuja língua não entendem, e precisam de alguém que os compreenda, precisam ambos de um amigo. Num hotel de Tóquio, os personagens centrais encontram-se por acaso. Ambos estão aí hospedados. Charlotte, uma recém-graduada em filosofia, acompanha o seu marido nas viagens de negócios e aproveita para conhecer um pouco mais do Japão; Bob, um famoso actor, que está em decadência, é contratado pelos japoneses para fazer uma publicidade a um uísque. Estando os relacionamentos dos dois enfraquecidos, ambos procuram alguém que os ouça, que lhes acompanhe os passos. Bob troca poucas palavras com a esposa, falando apenas sobre alguns aspectos decorativos na sua casa e sobre os filhos, o que acentua gradativamente a sua solidão num local estranho. Charlotte passa o tempo sozinha, ou no hotel, ou nas ruas de Tóquio, já que o seu marido se encontra quase sempre a trabalhar. Mesmo nos momentos em que estão juntos e rodeados de pessoas, Charlotte não se integra naquelas vivências fúteis do marido e dos seus amigos, sentindo-se continuamente só. Quantas vezes não nos sentimos sós num lugar repleto de pessoas, como se algo faltasse para completar a felicidade que tanto desejamos?
Charlotte e Bob encontram-se no bar do hotel e começam a partilhar pensamentos, ideias, desabafos, acabando por se tornarem amigos, tendo a sua amizade um toque colorido. Ambos se tentam encontrar, afastando o desenraizamento absoluto e a solidão. A separação final de Charlotte e Bob, apesar da sua crueldade, relembra-lhes a realidade mas uma realidade repleta de portas por abrir e de novos caminhos a escolher.

Um excelente filme sobre o amor, a amizade, as relações humanas, o casamento, a solidão, o desenraizamento, a globalização e a invasão das novas tecnologias. Temas estes que são abordados com subtileza e talento. Um filme, sem dúvida, belo que nos faz meditar também nas nossas próprias vidas.
The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you.
Rainer Maria Rilke, “Cartas a um jovem poeta”
“Lost in Translation” de Sofia Coppola apresenta a ideia de solidão em oposição à sociedade global, à qual pertencem as duas personagens principais do filme. É um filme que nos fala também da amizade e do amor. Bob e Charlotte sentem-se sozinhos e perdidos, num país desconhecido cuja língua não entendem, e precisam de alguém que os compreenda, precisam ambos de um amigo. Num hotel de Tóquio, os personagens centrais encontram-se por acaso. Ambos estão aí hospedados. Charlotte, uma recém-graduada em filosofia, acompanha o seu marido nas viagens de negócios e aproveita para conhecer um pouco mais do Japão; Bob, um famoso actor, que está em decadência, é contratado pelos japoneses para fazer uma publicidade a um uísque. Estando os relacionamentos dos dois enfraquecidos, ambos procuram alguém que os ouça, que lhes acompanhe os passos. Bob troca poucas palavras com a esposa, falando apenas sobre alguns aspectos decorativos na sua casa e sobre os filhos, o que acentua gradativamente a sua solidão num local estranho. Charlotte passa o tempo sozinha, ou no hotel, ou nas ruas de Tóquio, já que o seu marido se encontra quase sempre a trabalhar. Mesmo nos momentos em que estão juntos e rodeados de pessoas, Charlotte não se integra naquelas vivências fúteis do marido e dos seus amigos, sentindo-se continuamente só. Quantas vezes não nos sentimos sós num lugar repleto de pessoas, como se algo faltasse para completar a felicidade que tanto desejamos?

Charlotte e Bob encontram-se no bar do hotel e começam a partilhar pensamentos, ideias, desabafos, acabando por se tornarem amigos, tendo a sua amizade um toque colorido. Ambos se tentam encontrar, afastando o desenraizamento absoluto e a solidão. A separação final de Charlotte e Bob, apesar da sua crueldade, relembra-lhes a realidade mas uma realidade repleta de portas por abrir e de novos caminhos a escolher.

Um excelente filme sobre o amor, a amizade, as relações humanas, o casamento, a solidão, o desenraizamento, a globalização e a invasão das novas tecnologias. Temas estes que são abordados com subtileza e talento. Um filme, sem dúvida, belo que nos faz meditar também nas nossas próprias vidas.
The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you.
"Lost in Translation"
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